quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Eu quero o JL onde está

Acho uma maldade sem tamanho essa do governo em demolir o Estádio Juvenal Lamartine. Relíquia e memória do futebol norte-riograndense. Esse papo de jogar para platéia sob allegação de que o dinheiro da venda do estadinho vai servir para construir um hospital de traumatologia lembra uma velha técnica fascista de vender a mentira.

O dinheiro para o hospital pode ser conseguido em qualquer outro lugar. Não é difícil arrumar um financiamento para construir hospital. Do BNDES ao Banco Mundial, passando pelo BID e outras agências financistas que operam no mercado nacional. O próprio Governo do Estado está alardeando nos jornais da cidade uma Parceria Público Privada (PPP) para construir a unidade hospitalar.

Me dói a hipocrisia dos políticos de meia bomba, que andam mancomunados com os selvagens capitalistas. Para esse povo, do estádio importa tão somente a bola. A comissão que cai por fora do muro. Ninguém aqui é inocente. Já foi até divulgado que o dinheiro obtido do estadinho do Tirol será apenas para o governo dar a contrapartida do empréstimo.

Essa outra história de que o dinheiro vai servir ainda para construir um novo estádio Juvenal Lamartine na zona norte é outra desculpa porcalhada. Ninguém vai poder transplantar a história de lugar. Mais uma falácia deslavada deste governo pouco preocupado com a história da cidade. Quem não nasceu e se criou por aqui, não haveria de ter sentimentos mais nobres pelo lugar. Talvez seja só a insensibilidade e pronto.

Dizer que a falta de estacionamento seria um fator complicante para a reforma não passa de balela. Todo mundo sabe que os jogos de futebol acontecem nos finais de semana ou durante a noite em dias de semana, e isso não atrapalha o trânsito, a vizinhança, nem ninguém. Há dezenas de exemplos similares operando no país. O mais recente é o do Estádio Giulite Coutinho – mais conhecido por Engenhão – inaugurado para o Pan de 2007 no Rio de Janeiro, e que hoje sedia os jogos do futebol carioca. Construindo num bairro habitacional, o moderno estádio não dispõe área específica de estacionamento e funciona normalmente, sem nenhum problema.

Uma pena que a Fundação José Augusto que deveria cuidar do patrimônio histórico do estado se omita. Calada fica, e assim se insere da trama dos poderosos insensíveis. Depois vem com essa jogada de resgatar o folclore, o patrimônio imaterial. Tenha santa paciência. E por que não preservar o ainda existe, está em pé, e não foi levado pela força da grana. Manter o patrimônio material que é o Estádio Juvenal Lamartine.

Fosse outra, a FJA estaria dissuadindo o governo dessa idéia grosseira. Lutaria para restaurar. Até quem sabe, repor fachada original do velho JL, e adequar as instalações internas, num projeto funcional aliando o moderno e o tradicional. É tudo possível.

Chega de hipocrisia. Não me venham subestimar. me iludir e me enganar. Eu quero o JL onde está.

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