sexta-feira, 8 de maio de 2009

Poema de Carlos Pena Filho

AS DÁDIVAS DOS AMANTES


Deu-lhe a mais limpa manhã

Que o tempo ousara inventar.

Deu-lhe até a palavra lã,

E mais não podia dar.



Deu-lhe o azul que o céu possuía

Deu-lhe o verde da ramagem,

Deu-lhe o sol do meio dia

E uma colina selvagem.



Deu-lhe a lembrança passada

E a que ainda estava por vir,

Deu-lhe a bruma dissipada

Que conseguira reunir.



Deu-lhe o exato momento

Em que uma rosa floriu

Nascida do próprio vento;

Ela ainda mais exigiu.



Deu-lhe uns restos de luar

E um amanhecer violento

Que ardia dentro do mar.



Deu-lhe o frio esquecimento

E mais não podia dar.

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