Waly Salomão
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu
encosto.
É ela!!
Todo mundo sabe, sou um lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de
figueira.
Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu
sóbrio ombro.
Vixe!!
Enquanto caminha a pé, pedestre – peregrino atônito
até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou
desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela
expeliu o estofo.
Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta
Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem
morde.
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