Bei Dao*
Ao cabo, corvos frios
juntam
a noite: um mapa negro
voltei para casa –
pelo caminho avesso
mais longo do que o
errado
longo como a vida
traga o coração do
inverno
quando a água mineral
e as anfetaminas
tornam-se as palavras
da noite
quando a memória late
um arco-íris assombra
um mercado negro
meu pai, vida-faísca:
mínima como um grão
sou seu eco
virando a esquina dos
encontros
uma ex-amante
esconde-se numa
lufada de cartas
revoltas
Pequim, deixe-me
erguer
um brinde às suas
luzes
deixe que meu cabelo
branco aponte
o caminho pelo mapa
negro
como se uma tormenta a
fizesse voar
espero na fila até que
a pequena janela
se feche: Ó o brilho
da lua
voltei para casa –
reuniões
significam menos do
que adeuses
ao menos
*Poeta chinês. Tradução:
Régis Bonvicino, com supervisão de Yao Feng.
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