Fernanda
Nunes (fernanda.nunes@brasileconomico.com.br)
A marca
brasileira da desigualdade atinge inclusive os setores mais promissores da
economia. Na agropecuária - que, em meio à desaceleração do setor produtivo,
vem impulsionando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e,
particularmente, do segmento de bens de capital - o processo de renovação de
máquinas, por outras mais avançadas, está concentrado nas grandes áreas
produtoras, ou seja, em 12 dos 26 estados brasileiros, como demonstra estudo da
Agrosecurity.
A partir
das estatísticas de vendas de tratores e colheitadeiras da Associação Nacional
do Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a consultoria constatou que a
elite agropecuária respondeu por 90,27% dos tratores adquiridos em 2012 e por
98,78% das colheitadeiras. Para as regiões mais carentes, sobretudo no Norte e
Nordeste do país, sobram os equipamentos usados, transferidos de Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, o que vem impulsionando, nos últimos anos, o mercado secundário
de equipamentos e peças de segunda mão.
A
modernização do setor agrícola está na mira do governo, que oferece linhas de
crédito em situações especialíssimas. Mas o benefício atinge apenas 51% dos
estabelecimentos agropecuários - 2,6 milhões de um total de 5,17 milhões,
segundo dados de crédito do Banco Central e o censo de estabelecimentos
agropecuários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É
provável, no entanto, que o percentual de beneficiados seja ainda inferior a
esse, porque o cálculo da Agrosecurity é conservador e pressupõe que uma mesma
empresa tenha contratado crédito por uma única vez.
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