quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Agricultura reflete a desigualdade regional



Fernanda Nunes  (fernanda.nunes@brasileconomico.com.br)
  
A marca brasileira da desigualdade atinge inclusive os setores mais promissores da economia. Na agropecuária - que, em meio à desaceleração do setor produtivo, vem impulsionando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e, particularmente, do segmento de bens de capital - o processo de renovação de máquinas, por outras mais avançadas, está concentrado nas grandes áreas produtoras, ou seja, em 12 dos 26 estados brasileiros, como demonstra estudo da Agrosecurity.

A partir das estatísticas de vendas de tratores e colheitadeiras da Associação Nacional do Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a consultoria constatou que a elite agropecuária respondeu por 90,27% dos tratores adquiridos em 2012 e por 98,78% das colheitadeiras. Para as regiões mais carentes, sobretudo no Norte e Nordeste do país, sobram os equipamentos usados, transferidos de Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o que vem impulsionando, nos últimos anos, o mercado secundário de equipamentos e peças de segunda mão.

A modernização do setor agrícola está na mira do governo, que oferece linhas de crédito em situações especialíssimas. Mas o benefício atinge apenas 51% dos estabelecimentos agropecuários - 2,6 milhões de um total de 5,17 milhões, segundo dados de crédito do Banco Central e o censo de estabelecimentos agropecuários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É provável, no entanto, que o percentual de beneficiados seja ainda inferior a esse, porque o cálculo da Agrosecurity é conservador e pressupõe que uma mesma empresa tenha contratado crédito por uma única vez.


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