sexta-feira, 12 de abril de 2013

Epigramas



Te dou Cláudia, estes versos,
porque tu és a dona.

Os escrevi simples

para que tu os entendas.

São para ti somente,

mas se a ti não te interessam,

um dia se divulgarão,

talvez por toda Hispanoamerica…

E se ao amor que os ditou,

tu também o desprezas,

outras sonharão com este amor

que não foi para elas.

E talvez verás,

Cláudia,

que estes poemas, (escritos para conquistar-te)

despertam em outros casais

enamorados que os leiam

os beijos que em ti

não despertou o poeta.



Ao perder-te eu a ti,

tu e eu perdemos:

Eu, porque tu eras

o que eu mais amava

e tu porque eu era

o que te amava mais

mas de nós dois

tu perdes mais que eu:

porque eu poderei amar a outras

como amava a ti,

mas a ti não te amarão

como te amava eu.



Moças que algum dia

leiam emocionadas estes versos

e sonheis com um poeta:

Sabei que eu os fiz

para uma como vós

e que foi em vão.





Ernesto Cardenal*

(Tradução de Héctor Zanetti)

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