SONETO*
Às vezes sou louça fina,
às vezes barro grosseiro.
Às vezes deito menina
e choro no travesseiro.
Às vezes me acho na esquina,
à caça de aventureiro,
e digo que a minha sina
é dar por qualquer dinheiro.
Às vezes sou Colombina,
cheirada de cocaína
no fogo de fevereiro.
Às vezes sou peregrina,
tão frágil, tão pequenina,
rezando pelo mundo inteiro.
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