Como espadas em desordem
Homenagem mínima a Stéphane Mallarmé
Como espadas em desordem
a luz percorre os campos.
Ilhas de sombras se desfazem
e tentam, em vão, sobreviver mais adiante.
Ali, outra vez, as alcança o fulgor
do meio-dia que ordena suas hostes
e estabelece seus domínios.
O homem nada sabe desses calados combates.
Sua vocação de penumbra, seu costume de esquecimentos,
seus hábitos, enfim, e suas indigências,
negam o prazer dessa festa imprevista
que acontece por caprichoso desígnio
daqueles que, das alturas, lançam os mudos dados
cujo algarismo jamais conheceremos.
Os sábios, no entanto, predicam a conformidade.
Apenas os deuses sabem que esta virtude incerta
é outro intento em vão de abolir o azar.
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