Por Vicente Serejo – Jornal de Hoje
Se fosse
prá ser rasteiro – ou ficaria mais elegante linear? – bastaria definir numa
frase simples e sem enigmas: para um país de massa, um partido de massa. E
estaria retratada com perfeição a relação petista com o bravo povo brasileiro.
Só um partido de massa com um projeto de manutenção populista do poder pode
festejar um programa de distribuição de renda que não retira ninguém da miséria
e com a farsa de que estamos diante de uma nova classe média, jacente e subjacente,
nesses pobres trópicos.
Quem
consulta dos dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos – teria substituído o
Serviço Nacional de Informações por inocuidade – descobre que o governo
considera classe média a qualquer família que dispuser de uma renda domiciliar
entre R$ 1.064.00 e R$ 4.561,00.
Não
bastasse o largo espectro da faixa para abrigar o maior número de eleitores, o
limite de partida desautoriza uma classe média incapacitada para financiar
moradia, alimentação, saúde e educação a si mesma, com tal renda.
A farsa
afirma que, alcançada a linha de miséria, ou seja, R$ 70 reais mensais, o
miserável brasileiro deixa de ser miserável, segundo os dados do próprio
Ministério do Desenvolvimento Social, recentemente divulgados pela Folha de S.
Paulo. Traduzida em números, passa a ganhar
no mínimo um dólar por dia com base na régua do Banco Mundial. Ou seja: com R$
70 reais, o miserável ganha hoje um pouco mais de trinta dólares mensais,
portanto, é um homem a caminho da nova classe média.
Seria
perfeito não fosse um blefe sem o requinte dos bons jogadores de pôquer. A
Folha pediu que fossem feitas simulações com os índices de inflação e constatou
que aplicada a inflação de março de 2013 sobre os R$ 70 reais da linha-limite,
ou seja, elevando-se para R$ 77,56 reais, já tínhamos naquele mês em torno de
22,3 milhões de miseráveis. E, se a simulação recuar seus cálculos com base na
inflação de agosto de 2009 o contingente de miseráveis já chega hoje a 27,7
milhões de pessoas.
A matéria
da Folha desmonta, de uma vez, todo o discurso populista do PT e desqualifica
com a tinta forte dos números as falácias espalmadas pela presidente Dilma
Rousseff quando afirma no seu novo slogan que ‘o fim da miséria é só um
começo’. Ou, ainda, que ‘por não termos abandonado nosso povo, a miséria está
nos abandonando’, como declarou no discurso que fez em 19 de fevereiro deste
ano no lançamento da ação que já teria ‘zerado’ o número de miseráveis no
cadastro único da União.
Na matéria,
a desculpa esfarrapada do governo, como se a miséria não fosse profundamente
real e dolorosa, é que seus parâmetros se baseiam no Banco Mundial. Uma farsa
que se torna ainda mais perigosa depois do espetáculo de desespero coletivo que
o país assistiu na noite de domingo. Um simples boato do fim do ‘Bolsa Família’
acendeu um gigantesco clamor popular em todo Brasil, aceso com a chama da ira
santa do seu povo. Num Brasil onde a pobreza da oposição é a miséria da
miséria.
Fonte: www.jornaldehoje.com.br
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