Lawrence Ferlinghetti
O olho do poeta obsceno vendo
vê a superfície do mundo redondo
com seus
telhados bêbados
e
pássaros de pau nos varais
e suas
fêmeas e machos feitos de barro
com
pernas em fogo e peitos em botão
em camas
rolantes
e suas árvores de mistérios
e seus parques de domingos no parque e estátuas sem
fala
e seus Estados Unidos
com suas cidades fantasmas e Ilhas Ellis vazias
e sua paisagem surrealista de
pradarias estúpidas
supermercados subúrbios
cemitérios com calefação
e catedrais que protestam
um mundo à prova de beijo um mundo de
tampas de
privada e táxis
caubóis de
butique e virgens de Las Vegas
índios sem terra
e madames loucas por cinema
senadores anti-romanos e conformistas
conformados
e todos os outros fragmentos desbotados
do sonho imigrante real demais
e disperso
entre
esse pessoal que toma banho de sol.
Tradução: Paulo Leminski
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