Deus dos delicados, não me abandone nessa guerra
insana. Minha máquina de ser beira a pane enquanto o veludo da voz de Billie
lambe as paredes do lusco-fusco. Abençoe, senhor, tudo que dói em nós,
indispensável. As tardes despenteadas em Grumari, as lágrimas do homem que me
amou e nunca disse, o negro agonizante sob o sol narcísico de Ipanema, as
crianças que tão cedo me deixaram farta de lágrimas e leite, o eco esquivo de
Frederico, sinais de musgo. Abençoe as escarpas da minha vida enquanto
desenterro estas palavras — o carmim destas palavras — com as lascas afiadas da
dor. Sonho piscinas, atraída pelas labaredas. Preciso dormir bem dentro das suas
asas enormes, pai.
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