Neste país do carnaval é comum o brasileiro acordar na quarta-feira de cinzas com uma bomba na mão. E na nossa velha taba de Poti não é diferente. Nesta quinta-feira, os vereadores vão ao gabinete do prefeito Carlos Eduardo com o pacote nas mãos.
Desta vez o que vem dentro do papel embrulho é o projeto da Câmara Municipal querendo construir um prédio de 10 andares no terreiro da Capitania das Artes. Um prédio que é tombado pelo Patrimônio Histórico – e que fica na avenida Junqueira Aires (ou Câmara Cascudo, se quiserem) com fundos para a beira do rio Potengi.
Pois
é mesmo ali, beirando o rio, que a Câmara quer erguer o seu palácio, nem se
importa se o gabarito urbano proíbe a construção de prédios que tomem a visão
do centro histórico da cidade. Está lá no Plano Diretor, que os vereadores não
lêem. Pois é, e 10 andares de cara vão tomar além do terreno, o visual da
Capitania das Artes, toma a vista do Solar Bela Vista e do Solar João Galvão, o
visual do patamar e do mirante da secular Igreja do Rosário dos Negros, no esplendor
da Cidade Alta. De quebra ainda empata à vista da Casa de Câmara Cascudo quando
se olha para o pôr do sol, que alumbrava o velho historiador.
Mas que sensibilidade com as
coisas históricas do lugar tem os nobres legisladores? Para que ser sensível
com a cultura da cidade. Legislar nesse país tem sido vislumbrar a causa própria.
Sensibilidade deve ser sinônimo de luxúria para o Legislativo de Natal.
Ademais, o Legislativo até onde que eu saiba não está sendo despejado do
Palácio Frei Miguelinho, onde se abanca desde os anos 70. Houve foi apenas um cogito, mais parece um balão inflado no próprio Legislativo, e a universidade que é dona
do imóvel se pronunciou, é natural, e nada mais.
Pelo visto, os vereadores
pouco se importam em espremer a sede da Funcarte (que tem previsto um projeto
de expansão) e por conseqüência, o espaço dos artistas, que se utilizam da área
para montar ensaiar, montar espetáculos e outras atividades afins. Afinal, para
os nossos vereadores, a cultura que se exploda. Ou não? Por aqui quando muito
se vê por é um projeto idiota de um vereador nepotista, criando pseudo-espaços
para fazer homenagens póstumas aos queridos parentes, tudo aprovado pelos seus
pares.
Lembro da própria Funcarte,
na gestão anterior do prefeito Carlos Eduardo, e sob a batuta do mesmo Dácio
Galvão, se utilizou daquele espaço para projetos culturais. Alguns programas
agregando atrações nacionais memoráveis. Ali mesmo eu assisti o sanfoneiro
Sivuca pela última vez. Vi o múltiplo músico Hermeto Pascoal. E também o
violonista Heraldo do Monte, com seus mágicos acordes.
Não acredito que o prefeito
Carlos Eduardo caia nessa esparrela armada pelos lobos legislantes.
PS. Com tanto lugar por ai,os vereadores viram até os escombros da antiga sede Semurb, abandonada nas Rocas, foram escolher logo atacar a cultura e as artes.
PS. Com tanto lugar por ai,os vereadores viram até os escombros da antiga sede Semurb, abandonada nas Rocas, foram escolher logo atacar a cultura e as artes.
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