quarta-feira, 6 de julho de 2011

Cavalo-do-cão

Demétrio Vieira Diniz

Vinha ronronando o cavalo-do-cão.
Vinha como um pequeno motor voador
tão calmo e inesperado
quase parado no ar
enchendo a tarde com seu zumbido.

Na rua, uma ou outra porta batia de vez com o
redemoinho súbito.
Alguns meninos rangiam uma tábua sobre grãos de areia.

Com um vestido solto, feito de pano ordinário e rosas graúdas
minha mãe olhava as horas pela sombra na parede
sem se dar conta do marimbondo
que dava voltas
campeando sua solidão.

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