Que munganga mais feia é aquela chamada de Monumento a Bíblia, que estão fazendo na beira da praia? Na Praia do Meio. Mas que coisa de mau gosto visual e arquitetônico. Natal continua a mesminha fazenda velha iluminada pelos dominadores coloniais. Onde se faz qualquer coisa em qualquer lugar, sem se preocupar com o bom gosto, com a estética, a harmonia entre a arquitetura e o meio ambiente. E aí, criam-se visuais poluídos que distorcem a beleza natural do lugar.
Em Natal, o Plano diretor, o Código de Posturas e outros manuais de civilidade social foram para as cucuias. As mirabolantes idéias são aprovadas nos gabinetes fechados, nas surdinas das convenções ao ocaso. E nadica de nada de publicidade. Nada de discussão. Não importa se é ou não do interesse da população. Vale a promoção pessoal e a ambição política dos glutões de plantão. Democracia, porra nenhuma. Então empurra ai mais um projetinho, esse então, é muito do mal ajambrado.
Nada contra a bíblia, ao contrário, admiro o livro sagrado de quem também sou leitor. Mas a idéia foi de muito mau gosto. Não dar para engolir calado, enquanto os espoliadores vitimam a cidade. Para mim, isso é se aproveitar da marca de Jesus. Vamos todos explorar Jesus, assim tem sido desde a sua morte a dois mil anos e poucos anos atrás.
E para completar a bagunça, ergueram o monstrengo ao lado da estátua de Iemanjá. Seria pirraça ou foi mais idéia loira da viúva e seus anões? Com tanto canto para fincar a obra. Ainda mais que em Natal já existe uma Praça da Bíblia, solta quase perdida, sem nenhuma identificação. Sem ninguém para orar ou fazer adoração. Talvez ali fosse o local ideal para a homenagem dos amados evangélicos cristãos ao seu livro maior.
De qualquer forma, já pensou se todo mundo quiser agora erquer um monumento naquele pedaço de areia. Porque do jeito que vai, qualquer um pode botar uma estátua acolá. Um herói do povo ou algum herói marginal. Tanto faz. A praia do Meio corre o risco de virar um parque temático ou mesmo multi-temático.
Cidade sem ordenamento. Cidade sem senso. Cidade sem governo. Cidade aos pedaços. Cidade de ninguém. Cidade das bugigangas. Natal, isso é muita humilhação.
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