sexta-feira, 15 de julho de 2011

Navio para Arthur Rimbaud

Álvaro Mutis

Senhor das arenas
recorres teus domínios
e desde o mirante
da mais alta torre
partem tuas ordens
que vão diluir-se
no vazio surdo
do estuário.
Senhor das armas
ilusórias, há tempos
que o esquecimento trabalha
teus poderes,
que teu nome, teu reino,
a torre, o estuário,
as arenas e as armas
se apagaram para sempre
do velho tapete
que as narrava.
Não agites mais
teus corroídos estandartes.
Na quietude, no silêncio,
hás de penetrar
abandonado
as tramas funerais.

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